Canta-se uma canção tão triste,
Que no peito ainda persiste,
Insiste em não se calar,
Mesmo sem licença, quer brotar.
Canta-se a dor que se fez,
Pra que jamais se esqueça de vez,
Que ainda se vive sem voz,
Num silêncio que pesa feroz.
Chora-se um pranto prateado,
Que escorre num fio calado,
Pelo ouvido entupido e doente,
De um coração descontente.
Os cantos dos quartos encantam,
E os sonhos aos poucos se espantam,
Na beira da voz que floresce,
Do jardim onde tudo adormece.
O canto arranca a dor dos cantos,
E planta com voz novos mantos.
Desencanta a solidão sem fim,
Pra que o canto ressoe, enfim.
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