sábado, 29 de março de 2014

Só sei que vivi.




Cheguei de manhã
entrei pela porta
passei pela horta
peguei uma maçã.

Adentrei na sala
sentei na cadeira
bati na madeira
chupei uma bala.

Sai com afã
passei pela porta
andei pela horta 
mordi a maçã.

Flores e orvalhos



Não se pode ver
todas as flores
e há flores
que cheiram a morte.

Os orvalhos regam o jardim
para que o morte não brote.

A vida também tem
cheiro de flor
há uma flor em forma de buque
para quem sonha.

Não há morte
onde existe flor
mas os orvalhos maduros
tem gosto de dor.



Raso e Profundo



Tão profundo quanto raso
tão cumprido quanto curto
colorido em vários tons 
de branco e preto.

Tão doce quanto o sal
tão salgado quanto a cana
vive na pele delicada da poesia 
na boca úmida de quem ama.

quarta-feira, 12 de março de 2014

O corpo que me leva



Ele é a casa que me abriga
nele sou o que sou
tenho forma e jeito
nele descanso como um cisne no lago
nele tenho  imagem
sou habitante, um residente
que não some
que releva
ele é o corpo
o corpo que me leva.

o corpo quer ir ao mar e afundar
ver  corais e peixes a nadar
esquecer do ódio e a falta de amor
o corpo quer tentar viver sem dor

parar de lacrimejar
ir num lugar que confio
haverá o verbo amar
banhando toda extensão do rio.

se perder a guerra para a alma
ele  felicita.
o corpo morrendo,
um dia ressuscita.

quem ganha desperdiça
o corpo se eleva
caminho para a justiça
 nesse corpo que me leva.


sábado, 8 de março de 2014

Ouvir caymmi




Cai-me bem o sol
cai-me bem a lua
cai-me bem o amar
cai-me bem
ouvir  caymmi
cantando o mar.

cai-me bem a jangada
cai-me bem ver estrelas
cai-me bem ler poesia sublime
palavras que me anime
não necessita que se rime
cai-me bem ouvir caymmi.