quarta-feira, 14 de novembro de 2007



me

vi

só.

aqui

meio

sem

jeito.

encostado

no teu

peito.

sábado, 10 de novembro de 2007

botou a boca no mundo

ambrosio era muito sapeca, vivia reclamando de tudo. gostava de jogar descalço na rua do morro onde nasceu.
Quando completou 12 anos, já era um grande reclamador, reclamava de tudo o que lhe acontecia ou deixava de acontecer. Se pedia para sua mãe para ir jogar bola e ela não deixava, colocava a boca no mundo e reclamava ás pitangas.
Se a mãe deixava e o campo estava molhado, colocava a boca no mundo e reclamava. Se o campo estava seco , reclamava da poeira,e colocava a boca no mundo e reclamava.
No colégio onde estudava já era famoso por estar descontente com o mundo, se o professor dava lição, reclamava pois achava muita lição, e se desce pouca lição reclamava, e chamava o professor de preguiçoso.
Como já rea de costume acordou reclamando que dormiu muito mal, colocou a boca no mundo e reclamou. Ao se olhar no espelho, achou que sua boca tinha crescido,não pensou duas vezes olhou para o espelho e reclamou do mundo.
havia dias em que não tinha o que comer, e Ambrosio colocou a boca no mundo e de novo reclamou. Os dias foram passando e ele não tinha mais paciencia, nenhuma, reclamava cada vez mais do mundo e da vida.
Até que um dia, não guentou, reclamou de todos, e pos a boca no mundo, e engoliu o mundo, depois arrotou!

solidão

a escuridão ensina
que nem tudo é luz
o silencio toca busina
na quietude que traduz.
espalho na escuridão
do quarto sem sol
indo fundo no coração
de quem roubou o girassol.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

vida e horta

cheguei de manhã
entrei pela porta
passei pela horta
peguei uma maça.

adentrei na sala
sentei na cadeira
bati na madeira
chupei uma bala.

sai com afã
passei pela porta
andei pela horta
mordi a maçã

os visionários

somente os poetas
os sonhadores
os que sentem agonia
os que sofrem dor
dor de alma.

somente os que choram
os que riem
os que tem prazer na arte
os amantes da vida.

somente os visionários
os leitores
se sentem impotentes.

quem não tem visão
quem não poetiza
quem não sonha
e já se deu por vencido
mergulha na fundura
do mundo estabelecido.

beira do cais

rostos cansados
corpo de desfaz
suor, trabalho e crime
na beira do cais.
ruas neblinas e caos
não há paz
não há beleza
na beira do cais.
mulheres procuram
um caso a mais
passeiam sós
na beira do cais.
um caminhão
outro homem
tanto faz
se prostituem
na beira do cais.
um carinho
um abraço
um beijo fugaz
corações vazios
na beira do cais.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Elianado

Tornei-me
um elianado
sinto que querem me eliminar
e são os inimigos da poesia
só porque sou um elianista convicto
um elianologo fundamentalista.
corre nas minhas veias essa elianalização
que contagiou as flores
é uma elianabilidade sem limites
vou poetizar
vou elianar por ai,
elianatóriamente, é claro.



num século qualquer


(baseado no poema aproposito disto de Vladimir Maikovsk)



Enterra-me nas pedras
longe do cheiro fétidos dos palácios
do mofo nojento de Brasília.
a sete palmos do orgulho
da injúria ,da injustiça social
quero ficar só com os vermes
acariciando meu rosto.



Enterra-me a sete palmos abaixo da terra
a sete palmos dos assassinos das flores
sete palmos da pocilga do planalto
que ri das nossas dores.
Enterra-me na terra fria
não quero ver a criança jogada no lixo
vivendo, correndo na cidade
como um bicho
brincando de agonia.



Enterra-me como se enterra um animal
sem cerimonia
sem flores morto afinal.
Não posso mais respirar
o mesmo ar dos porcos imundos
repulsivos matadores de crianças.



Por favor
enterra-me sem dó
sem dor
longe, bem longe de tanta falta
de amor.



Mais uma vez peço
enterra-me, nem que seja
pelo menos este fim de semana
num jardim da casa da Eliana.



Enterra-me no mais quente dos vulcões
para não ver o fogo da inveja
queimar nos corações.
Enterra-me no fundo do poema mais profundo
longe da fome e miséria
que assola o mundo.


E quem sabe num dia
de um sábado qualquer
eu também possa ressuscitar.

Com um grito de silencio
vindo do fundo
do fundo da poesia úmida.


-ressuscita-me!!!
quero ver o amor
brincando nas ruas
subindo nas árvores
deitando no chão.


-ressuscita-me!!!
para caminhar na noite
sem medo de ladrão nem de policia
ver a lua sorrindo bonita
iluminando meu caminho.


ressuscita-me!!!
pois quero ver os velhos
orgulhosos do passado
alegres com o presente
e esperançosos com o futuro.
E verei a verdadeira justiça
sem mentira, sem injúria.
Poder sentir gostoso
o cheiro forte expelido
do planalto central.


ressuscita-me!!!
nem que seja por um dia
num domingo de sol
e minha poesia falará suave
nos ouvidos de quem vive.
Dai-me uma caneta
com pétalas na carga
para poetizar o mundo
num papel sem pauta.


-ressuscita-me!!!
em forma de poema
falando aos ouvidos sensíveis
que ouve com a alma.


-ressuscita-me!!!
nem que seja para ver minha amada.


-ressuscita-me!!!
e a partir de então
"a família se transforme
e o pai seja tão somente o universo
e a mãe seja no mínimo a terra".


Que a felicidade seja nossa sina
em algum dia,
de um século qualquer.

domingo, 4 de novembro de 2007

Adote uma cachorrinha!

Florípedes era uma menina que vivia na rua com sua cadelinha Lili, Lili uma vira-lata de rabinho curto e pelo cor de mel.
- Lili, não fique longe de mim que a carrocinha pode te pegar.

Dizia Florípedes preocupada com sua doce mas mau cheirosa cadela.
- Vamos dormir abraçadas hoje pois está muito frio e não temos mais aquele cobertor que você rasgou todo.

Reclamava esperando uma resposta silenciosa.Chegou a hora de dormir e os cantinhos da cidade eram os lugares preferidos de Florípedes para fugir do frio e das outras pessoas que dormiam na rua que invariavelmente queriam tomar alguma coisa da menina, chinelos, roupas, cobertas o que pudesse eles levavam.

Florípedes se cobria de jornal abraçando sua cadela como se fosse um ursinho de pelúcia. Sonhava em ser adotada para sair das ruas, mas era sempre um sonho, acordava na sua realidade fria e com fome.
-Au au- Latia Lili como quem falava "acorda menina".

O dia era longo, procurar comida as vezes no lixo, para matar a fome que insistia em não morrer, além de ter que dividir com Lili.

Certa manhã quando fui acordada por Lili viu uma senhora de meia idade olhando para ela. Essa senhora com passadas lendas chegou perto de Florípedes e perguntou:
- Onde você mora menina? E essa cadelinha é sua?

Florípedes já estava acostumada com as pessoas que perguntam a ela sobre sua situação, aquela parecia ser mais uma.
- Moro na rua, e a cadelinha tem nome viu!! Chama-se Lili.
- Nossa, como é triste ver você, uma menina com seu lindo animalzinho andando por aí, que tal ficar numa casa quente e acochegante?

Florípedes logo pensou, será que essa mulher gorda como pêra vai querer me adotar? Esse pensamento veio e foi embora como tudo que passa pela sua vida ainda curta.
- Nós gostaríamos de ter uma casa, mas ninguém se interessa por mim, nem pela cadelinha
Disse com uma sinceridade profunda.

- Eu gostaria de ter alguém que fosse minha amiga, sempre presente e fiel. Morar numa casa grande com 4 quartos, 1 enorme sala de jantar e outras depedencias que só me dão a dimensão de minha solidão. Disse a senhora.

Florípedes sentiu seu coração bater mais forte. Será que alguém finalmente iria adota-la e livra-la dos becos sujos da cidade?

A mulher falou se sua vida para a menina, pegou a cadela, colocou no seu adiposo colo e continou sua longa história de vida.

Por fim a mulher foi objetiva com Florípedes e perguntou enfaticamente:
- Florípedes minha linda criança, eu quero adotar Lili a sua cadelinha. Você dá ela pra mim?

O cão Beijamim e o menino que não sabia beijar


Apesar dos 10 anos Onofre nunca havia sido beijado,nem pelos pais,nem por ninguém, ao menos, não se lembrava. Seus Pais eram alcoólatras
e quase não tinham momentos de lucidez, tomavam água ardente como se fosse água corrente, gastavam todo dinheiro que recebiam da coleta de lixo com a bebida.

Vivendo num barraco de madeira corruído por cupins no interior de Itabuna, Onofre só tinha a companhia de um cachorro, que nem raça possuía; colocou seu nome de Beijamim, Pois logo que encontrou o cachorro no lixão da cidade o cão lhe deu um beijo, ou melhor, lambeu o rosto do pequeno rapaz e isso para ele era um beijo.

Para Onofre beijo era uma lambida no rosto dado todos os dias por beijamim. As vezes ficava com ciúme da garrafa de cachaça que sua mãe bebia sem dó, aquilo parecia um beijo.

Onofre estudava num bairro afastado de sua casa, numa casa de barro com outras 10 crianças sujas e descalças, é lá que ele foge da sua realidade e mergulha no mundo mágico das letras e dos livros, o parque encantado das palavras. Onofre era considerado o melhor aluno da turma pois já sabia ler e escrever graças a dedicação e aos esforços dispensados por D.Edileuza uma galega com cabelos escorridos e que não tirava o cachimbo da boca, nenhum dos alunos havia visto ela sem o cachimbo, alguns diziam que era parte da sua boca, mas não havia na redondeza ninguém tão esforçado a dar educação como aquela mulher, apesar de ter estudado até a 7ºsérie se desdobrava para passar o conhecimento e cultura para seus alunos.

D.Edileuza sempre elogiava Onofre pois conseguia ver naquele menino, muitas qualidades e o esforço que ele fazia para continuar estudando apesar de sua dura realidade.

Num daqueles dias após ter passado lição de casa a fumante professora disse que daria uma barra de chocolate para aquele aluno que fizesse todas as lições de casa corretamente. Todos ficaram contentes do desafio para ganhar o delicioso presente.

Ao chegar em seu barraco Onofre foi recebido pelo pulguento mas  fiel beijamim, que lhe deu um beijo no rosto ou melhor na realidade uma aguada lambida, e para variar seus pais estavam de porre, caídos num canto do barraco.

Como era de costume algumas pessoas levavam comida para Onofre que ele dividia com Beijamim já que seus pais mais bebiam do que comiam.

Depois de mais um beijo ou melhor uma linguada Onofre foi fazer a lição. No dia seguinte quando D. Edileuza corrigiu os exercícios dentre todos os alunos o único que havia feito todos os exercícios sem errar um sequer foi Onofre.

Ele ficou feliz porque iria ganhar um doce de chocolate nem se lembrava mais a última vez que havia comido um. Ao dar o chocolate D. Edileuza com extremo sacrifício tirou o cachimbo da boca e deu um beijo no rosto de Onofre, ele ficou imóvel, assustado e principalmente decepcionado.
Pensou consigo mesmo:
- A Professora tão inteligente e ainda não aprendeu a beijar, ela precisa ter aulas de beijo com Beijamim.

o silêncio

O silêncio diz coisas profundas
sobre a realidade
onde a quietude estoura nossa alma
silenciando os ouvidos do nosso coração
onde o silencio é o mundo do silencio
onde não há ruínas
não há som
e muito muito além do silencio
só existe o caos
sons que não são ouvidos
pois todo silencio é secreto
sendo ouvido apenas
na sensibilidade dos surdos
um nada no vácuo
afogado num sonho de absoluto silencio.
insuportável se torna
o canto da existência
que sai da boca do nada
dizendo apenas
um ensurdecedor
silencio.

sábado, 3 de novembro de 2007

o enigma do poema.

(baseado no prefácio do livro "o enigma da religião, Rubem Alves)

Quem escreveu a mais bela estoria de amor?
só o poema maduro pode dar fruto doce
com gosto de amor
com cheiro de jardim.
que poema será verdade?
Que poema será o reflexo fie das coisas
do nosso tempo?
qual o poema mais profundo
não basta o saber
é preciso o sabor
é preciso que as palavras sejam belas
que o corpo flutue nos ventos do mover da arte.
que poema será lembrado até o fim
lido, relido, estudado, chorado,amado e odiado.
poemas, invocações de ausências
que invadem a escuridão
organizando o caos.
poemas funduras onde nadam os desejos
que se fizeram mel
adocicando os lábios dos sensíveis de corações.
qual o poema mais belo?
será que ainda não foi escrito?
quem escreveu um poema maldito?
quem o leu?
escrevi um poema para ser lembrado
no século vindouro
talvez alguém goste
talvez alguém entenda
tornando decifrável
a minha forma de dizer...
poema...continuação do coração em êxtase
a forma visível da emoção

mãos de operário



mãos que produzem
mãos macias calejadas
mãos negras, mãos brancas
mãos enrugadas.

mãos pequenas que esperam chegar
com carinho e amor vem abraçar
mãos pequenas que fazem carinho
que ajudam a caminhar.

mãos que ensinam
que educam
mão que dão apoio
mãos ruins que machucam.

mãos de operário
mãos feridas machucadas
mãos que sangram
mutiladas.

mãos divinas cravadas
as únicas que Deus quis sacrificar
para que não sacrificássemos
as nossas mãos em qualquer altar.

deixai



Deixai que meus olhos
te vejam
até se chocarem no concreto.
deixai que meus ouvidos
te ouçam
até o fundo do silencio.
deixai que minhas narinas
sintam teu perfume
até perderem o olfato.
deixai que meus dedos te toquem
até perderem o tato.
deixai meu coração sem arte
até que o miocárdio enfarte.

Antonio Carlos Jobim

Um tom no coração
um oceano de musicalidade

A bandeira enegreceu de luto
As praias molharam as areias de tristeza.
e o cristo redentor lá do alto
não conteve uma lágrima de dor.

um tom no coração
um oceano de musicalidade.

No fim da partitura a lágrima
insiste em fazer
um ponto final matreiro
colocando um tom de saudade
na musicalidade
de Antonio Brasileiro.

emoção

foi só um nó na garganta .
aquela vontade de chorar
com lagrimas estralhas
foi só um aperto no peito
oprimindo o coração
a pele se manifestando
com arrepios quase sem querer
os olhos embargam
em lágrimas que não chegam
a rolar no rosto
secando no poço dos olhos
evaporando para dentro da cabeça
o peito continua apertado
e o coração palpita mais rapido
a saliva enxagua a boca
como as lágrimas enxaguam os olhos
forçando uma engolida molhada
que desce seca na garganta
molhando o coração
embebecido do cheiro forte da emoção...
foi só um nó na garganta.

um nome

foi uma luz
uma mensagen
uma palavra
uma vida...

foi um rock 'n roll
uma canção
uma melodia
uma noite
que virou dia.

foi uma cruz
um nome
um rei...
jesus!

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O SANGUE



OLHAI A DOR
VEDE A ANGUSTIA
OLHAI O SOFRIMENTO
VEDE A SOLIDÃO.

OLHAI A MELANCOLIA
VEDE A TRISTEZA.

OLHAI O SANGUE
VEDE VENCENDO
OLHAI A CRUZ
NO SANGUE LAVADO
OLHAI O SOFRIMENTO
NO SANGUE CURADO
VEDE O DESESPERO
NO SANGUE SARADO
OLHAI...
VEDE O FILHO...
RESSUSCITADO!!!!

o eterno



QUEM ME BEBEU
QUANDO ESTIVE AMARGO
SEM GOSTO
QUEM ME COMEU
QUANDO A CARNE ENDURECEU
E PERDEU O GOSTO.

QUEM DEU SONHOS
QUANDO Os PESADELOS
ERAM O HABITAR NATURAL.

QUEM ACENDEU A LUZ
QUANDO A ESCURIDÃO
FAZIA PARTE DO AMBIENTE
TRISTE DA ALMA.

QUEM TROUXE
LEVES MANHÃS DE SOL
QUEM PLANTOU NA ALMA
UM LINDO GIRASSOL.

(DISSE jESUS.EU VIM AO MUNDO COMO LUZ,PARA QUE TODO AQUELE QUE CRE EM MIM NÃO PERMANEÇA NAS TREVAS . JOÃO 12:46)

cri,cri,cri

CREIO QUE CREIO.
AS VESES DESCREIO
OUTRAS SEGAMENTE CREIO.
CREIO QUE SEMPRE CREREI
LOGO, CREIO QUE NUNCA CRI
TORNEI-ME UM DESCRIDO
CREIO NO QUE NUNCA CRI.
CREIO OUVINDO O GRILO
TALVES O MESMO QUE O POETA OUVIU.
CANTAVA O GRILO NUM MATINHO
E O MEU CORAÇÃO PARTIU
CANTANDO COM SEU JEITINHO
CRI, CRI , CRI, CRI , CRI, CRI...
CRI, CRI, CRI...

"porque sei em quem tenho crido, e estou bem certo que é poderoso para guardar o meu deposito até o dia final." 2 timóteo 1.12

Dona Lia



ALI
LIA ,LIA
DIA
APÓS DIA
LIA , ABSORVIA
TUDO QUE LIA.
LIA SABIA
QUE, O QUE LIA
LHE TRARIA
ALEGRIA...
POESIA...
CIDADANIA.

LIA
LIA SUA BÍBLIA
TODOS OS DIAS.
LIA SENTIA
E PEDIA SABEDORIA
AGRADECIA,
E RIA
POIS,LIA SABIA
EM QUEM CRIA.

o ócio

LARGUEI UM NEGÓCIO
ABANDONEI UM SÓCIO
PEDI DIVORCIO
E ENTREI NO ÓCIO.

solidão

DENTRO TEM UM SONHO DESFEITO
CAMINHOS DE PEDRAS E ASFALTO
DENTRO TEM UM DRAMA INACABADO
UM MONÓLOGO SEM FIM
LAMAS JOGADAS NO JARDIM

DENTRO TEM UMA CASA EM RUÍNA
GATO COM FIDELIDADE CANINA
PORTAS PINTADAS DE BRANCO COCAÍNA.

A CRUZ


Decomposição
Desilusão
Solidão
Distorção Escuridão Ilusão
Ladrão Maldição Cisão
Perdão Sequidão Comiseração
Podridão
Razão
Decisão
Pulsação
Solução
Oração
Salvação
Crucificação