terça-feira, 8 de novembro de 2016

O TATO DA ESCURIDÃO




Não sou flor nem carvalho
nem folhas nem capim
sou terra seca sem orvalho

Sou o tato da escuridão
tocando na dor
com a alma em oração.

O mais triste, do triste poema
a alma quer outro corpo
não quer mais esse
que afoga em seu edema.

Sou lagrima cinzenta
que cai da fonte, no pé do morro
febre queima sem socorro.

Sou fumaça com cheiro ardido
que se esvai com vento ferido
sou o que se incinera
o vazio do meu próprio coração
que sangra, agoniza e espera.

Minhas veias em prostração
não aguentam mais o sangue em convulsão
"minha doença e meu corpo são meus , eu não".