terça-feira, 31 de dezembro de 2013

os gritos de socorro

                    
                                                                           


A cabeça dói num dia sem sol
nuvens cinzas cobrem o céu azul
cinzas é o que resta da esperança
que se foi como fumaça.

e a cabeça doí.

As ondas da praia gritam
tentam se afogar
só porque o mar perdeu o seu azul
só porque o oceano perdeu seus peixes.

e a cabeça dói.

tenho medo.
medo do amanhã
medo de não haver amanhã
medo do que se sente
medo do que se entende
medo de não se entender nada
medo de nunca mais sentir medo.

e a cabeça dói.

solto um grito que se multiplicam ,gritos de dor e de tristeza
gritos que não são ouvidos pelos loucos surdos
gritos que ninguém quero ouvir
gritos sem voz, dado pelo coração
após o grito ,um silencio asfixiante.

e a cabeça dói.

fingir que ninguém gritou
fingir que todos são felizes
fingir que o povo não precisa de cultura
fingir que não sei fingir
fingir que ouvi
fingir que sorri.

e a cabeça ?
finjo que não dói.

madrugada obscura

a madrugada traz risos frios
rostos enrugados
com meio kilo de maquiagem
com meio kilo de cocaína

na madrugada a dor dói mais forte
a solidão se faz
a companhia mais intima.

os olhos veem cores escuras
cores que não existem no arco -iris

toda madrugada tem um suicídio
todo suicida molhou a madrugada
com lágrimas de agonia
ninguém se suicida sorrindo.
(pelo menos eu nunca vi)

na madrugada o sangue sai das veias
para regar o chão dos bailes
das mansões, das favelas.

a morte vive intensamente
pois madrugada é passiva e ativa
é o começo dos sonhos
e o inicio dos pesadelos.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Antes do menino








Antes do menino era assim,

Todos os dias eram sempre iguais
Nenhuma esperança eterna
Tudo passava para sempre
Os homens viviam sem um fim
 E outros morrendo sem saber
Sobre a esperança
A esperança insistia em se esconder
Nos bosques sem luz.

Antes do menino era assim,

O coração chorava sem ninguém ver
Dentro do peito uma coisa a moer
E o vazio crescia
Numa lenta e longa agonia
No jardim não tinha encantamento
A pétala era opaca
A flor quase sem cor
Como se vivesse em ressaca.
Vazia de odor.

Antes do menino era assim,

O vento não ventava o suficiente para balançar
Os galhos compridos das mangueiras
Não provocava o canto das arvores.
E os peixes quase não nadavam
As ondas se recusavam a banhar a praia.

Mas quando o menino nasceu
A natureza toda se alegrou.

Os ventos ventaram contentes
Colocando canto nas mangueiras
Provocando sons nos galhos compridos
Das arvores antigas
E suas folhas quando caiam
Deslizavam no ar como uma bailarina
Em uma dança suave e leve
Para homenagear o menino que nasceu..

Nos oceanos o mar balançava intrépido
Como um arco de violino tocando uma canção
Alegre.
As ondas vinham correndo molhar a praia
Dar boas vindas ao menino que nasceu.
O perfume das flores exalavam forte e o vento
Se encarregava de espalhar pelos jardins, pelas florestas,
Pelos vales e bosques um perfume de boas vindas
Pois o menino nos nasceu.




A esperança se renovou
Vigorosa se pôs a cantar
Pois o menino é a nova esperança
Que nos veio salvar.
E o governo esta sobre seus ombros
E seu nome será,
Maravilhoso,conselheiro, Deus forte
Pai da eternidade e príncipe da paz.



Quando o menino nasceu
Uma nova natureza sim nos deu.
Glorias e louvores a Jesus
Ao menino que nasceu.






quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

eu morri.

Morri ,morri rindo para não ver mais a podridão  saindo do meio denso da escuridão humana.
morri com som de risos que acompanhou as ultimas batidas do meu coração antigo.
uma batida de bossa nova como quem vai terminando uma canção.
morri com o rosto alegre pois sei que a guerra travada em minha alma também chegou ao fim.

morri quase gargalhando pois o nó na garganta não virá me visita num dia qualquer.
os olhas não transbordaram de tristeza, a pele não sentirá dor nem arrepios de terror.
morri ,finalmente uma boa noticia para trazer a paz , a verdadeira paz .



um aviso solene foi dado
a felicidade foi completa.
morri como um anjo, um anjo sem asas,sem auréola,
sem cara de anjo, mas com a mesma angelidade.
morri num ato de bondade, uma misericórdia gigantesca me cobriu
como um pássaro que mergulha no mar e volta a voar, fui lavado.

morri, querendo morrer .
morri para o mundo
morri num caminho sem flor
para que a rosa vermelha
me ressuscitasse no amor.

sábado, 14 de dezembro de 2013

o mundo



num mundo de horizontes sem fim eu me vago
num mundo de cores coloridas eu me cinzo
num mundo de solidão constante eu me acompanho
num mundo de gente mau cheirosa eu me banho.

num mundo de barulho eu me surdo
num mundo de incertezas eu me acerto
num mundo de gente fechadas eu me abro
num mundo de ódio eu me amo
num mundo onde a noite é triste eu me amanheço.

num mundo onde se fala besteira eu me emudeço
num mundo onde destroem os rios eu me mergulho
num mundo onde os jovens se drogam eu me limpo
num mundo de doenças fatais eu me curo
num mundo de imundície  eu me puro.


coração de papel



Poeta  de mentira
com coração de papel
não toca harpa nem lira
não crê no papai noel.

cada poema é um parto
de dor e aflição
poeta não és farto
de tão doce inspiração.


olhos de mel




Tens olhos de mel
que costumam me amarrar
no peito um sonho
que suponho
não possa acordar.

Drogas




Paulatinamente droga-se
gradativamente afundas
inconscientemente foges
inconsequentemente injetas
inaceitavelmente morres.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Dor



Ele leva a dor
eleva a dor
leva a dor de Eva
no elevador.

sábado, 7 de dezembro de 2013

ser ou ter o poema eis a questão.

Escrever para nunca mais ficar
ir embora para nunca mais partir
entrar para nunca mais estar
sair para nunca mais sumir
misturar-me ao poema
e deixa-lo menos rico
a propósito
diga ao papel que fico.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

cabeça sem pelo.



nada é mais nua 
que minha cabeça
nada é mais cheia 
que minha cabeça nua.

nada é mais vazia 
que minha cabeça cheia
nada é tão minha
que minha cabeça vazia.

nada é mais santa
que minha cabeça sem pelo
nada é mais meu
que meu pesadelo.

nada é mais sua
 que minha cabeça nua.

a lagrima

a lagrima sempre vem rolar
na face
como se fosse um passeio diário
um passeio na orla do rosto
encharcando os olhos
quase matando a menina afogada.

e por fim como sempre faz
vem acariciando ate o queixo
sua trajetória infinita
rasga com dor o rosto
de repente salta para o chão
sumindo no solo seco
a um corpo do coração.

A lágrima sempre volta
todo hora, todo dia , tudo mês
a miserável sempre volta
e faz tudo outra vez.

SE...

Se todo dia em que chorei
O mar perdesse uma gota
talvez estivesse quase vazio.

Se toda agonia que senti
apagasse uma luz no mundo
talvez não houvesse mais luz no universo.

Se toda tristeza que senti tivesse
perfume
talvez o mundo inteiro
sentiria meu cheiro. 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O frio.


O frio aconchega a flor
pela manhã
une os casais
a tarde
esquenta a burguesia
a noite
e mata o indigente
na madrugada.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Ebolições poéticas.(o delírio)




Deixar de viver é mais que a morte,
nós não somos iguais
morremos em momentos
vivemos em outros.

para deixar de sonhar e amar
é preciso muito mais que morrer
esta além da morte e da vida.

como não sonhar se a poesia
é parte viva da nossa alma
é um órgão do nosso corpo.

poetizar é viver sem querer
quando a tristeza se torna
a razão da nossa alegria.

só nós criamos a nossa felicidade
criamos nossa ínfima paz
criamos a nossa alegria
e por criamos tanto
criamos também nosso desejo de morte.
desejar morrer é divino
transformar em fato é maligno.
não faz parte de nossa alma de poeta.

nós sabemos querer morrer
sem morrer
e sabemos querer  viver sem viver.
quando a morte se faz presente,
nós a beijamos e a mandamos embora
só os poetas sabem beijar a morte.

adoramos a vida
só sonha quem vive
e viver é sentir dor
angustias e sentimentos afins.

A nossa alma não esta vestida
todos os poetas tem almas nuas,
leves que saem de quando em vez.

e quando o poeta se deixar ser eternizado
viverá o pedaço de sonho que lhe cabe.
 somente nós choramos lendo poesia
somente nós choramos vendo uma pintura
ouvindo uma musica
olhando uma fotografia...
olhando nossa alma.

a alma?
a alma vai bem obrigado!
não queremos ser diferente
não queremos ser iguais
só temos a absoluta convicção,
que a vida realmente vale a pena!!

Luzia

Luzia

fazia

poesia

de dia

e de noite...

Luzia!!!

Bebendo vento

Olha
cuidado onde pisa
comendo luz
bebendo vento
arrotando brisa.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

PAZ !


Dai-me paz!
Esta guerra travada no campo de batalha de minha alma só destrói.
Trincheiras foram erguidas em torno do coração.
Barricadas foram feitas em todo perímetro do corpo só.

Quem, colocou esta guerra aqui!?

Dai-me paz !
Quem instalou o caos que toca na sinfonia dos distúrbios, na praça publica da razão.
Sou o instrumentista, o maestro, a platéia que aplaude o fim do hino.
Toco na catedral ,o sino.

Quem, colocou esta guerra aqui?!

Dai-me a paz
Não aquela paz imaginária da poesia do rapaz de Liverpool.
Nem a cápsula  feita num laboratório da medley.
Não quero a paz comprada numa loja de grife
E nem a paz passageira de uma bela canção.

Quem, colocou esta guerra aqui?!

Dai-me paz!
Que a palavra traz
Para que a sinfonia toque canções de vida veraz
E a praça com as folhas jogadas no chão,
Ouçam a canção dizer “a guerra acabou”

Pois o príncipe da paz voltou.

domingo, 3 de novembro de 2013

SALVE A POESIA ! A POESIA SALVA.

A poesia nasceu numa estante ,no meio de livros que falavam de animais ,nasceu linda como toda criança feia, nasceu aos cânticos  de sabiás, ela brincava e se divertia mas o que ela não sabia é que  a tesoura queria corta-la.
A poesia era sabia, sabia encantar tinha um conhecimento divino era um ser verdadeiramente divinal.
A tesoura tinha medo de perder seu império onde comandava com mão de ferro.
O primeiro ministro da tesoura era o Estilete sempre pronto a cortar sonhos e o que mais representa-se perigo para a tesoura..
A poesia falava versos, Sonetos, e prosas, declamava para todos ouvirem que havia esperança e a esperança estava nela na poesia.e a esperança era ela.
A poesia continuava cantando nos ouvidos de quem quisesse ouvir, ela curava, libertava as pessoas dos espíritos de opressão trazia à liberdade queles que viviam carrancudas, tristes, sem esperanças
Os chatoulos viviam na espreita querendo questionar a poesia em tudo que ela fazia.Os Chatoulos eram um grupo que descendiam dos Bobonitas e não tinham mais esperança em nada ,não acreditavam no amor,eram pessoas alienadas. Os Bobonitas gostavam de beber e comer gostavam de pão e circo
Enquanto isso a poesia fazia a sua missão que era falar e levar a mensagem de paz e  esperança e alegria para que todos pudessem alcançar, todos os  crerem no grande eu sou.
O grande eu sou foi o criador da inspiração foi ele que criou a própria poesia .
Era um dia tranqüilo como uma brisa soprando nos 4 cantos e a poesia estava calma num grande jardim de livros e flores. Paginas se mechiam com o dedo leve dos ventos ,havia um cheiro de folhas não lidas.O barulho de paginas quebrando o silencio tumular instalado ali. .
A poesia brilhava ao pensar no grande eu sou, foi quando subitamente chegou o estilete, ele chegou com seus soldados segurando dedal e agulhas afiadas e fatais, alem desses havia facas e facões.a poesia foi presa, tendo por acusação tumultuar a ordem publica ,recitar versos na praça e tramar contra o império.finalmente a tesoura teria o que sempre desejou as letras da poesia em suas mão e de ferro.
tesoura queria que a posia fosse um exemplo para que ninguém mais falasse sobre paz  a esperança e a alegria  em seu reino, destruir todas as  letras, todos os versos, todas as palavras.e matando a poesia em praça publica publica, acabaria com os sonhos da poesia e com os seguidores do grande eu sou.
Para torturar a poesia  foi chamado os maiores torturadores do reino, Senhor Esquadro , e o Senhor Borracha. Após apanhar em praça publica , a maior maldade ainda estava por vir, a terrível tesoura pediu para amarasse a poesia. Quando estava presa e imóvel  o estilete cortou a poesia e ela sangrou mas seu sangue tinha um brilho de estrela e sons de passarinhada e seu cheiro era de flores de jardim sua cor era vermelho celeste  e azul carmesim e quando seu sangue encostava no chão os grãos de areias viravam letras e essas letras formavam poesias sobre o amor quanto mais o estilete cortava mais sangue enxaguavam a terra e mais letra se formavam e mais versos se pautavam e mais palavras vivas se formavam. Todos que estavam perto enchiam as mãos com as areias  e saiam levando para casa as boas novas. E liam e se encantavam com o que liam ,palavra por palavras.A tesoura resolveu colocar a poesia numa cruz para que todos vissem a sua morte, e assim foi feito, mas o sangue que da poesia jorrava ninguém conseguia estancar.
 A poesia se eternizou naquela cruz e suas palavras duram até os dias de hoje.



segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A cozinha da casa da minha mãe.

Na cozinha da casa da minha mãe
Além da mesa, do armário, da geladeira
Tem um belo portal que nos leva para um bosque
Onde saltamos, corremos e cantamos.

Na cozinha da casa da minha mãe
Tem um riso solto que voa nos quatro cantos
Tem uma alegria que contagia
Tem rosas e cravos ,codorna e cotia


Na cozinha da casa da minha mãe

Brota do chão o riso
Caem do teto as folhas verdes da esperança
Exalando o cheiro de carinho como pele de criança.

Na cozinha da casa da minha mãe
Tem um mar com estrelas brilhantes
Tem peixes fazendo saltos mortais
Têm botos deslizando nas ondas das catedrais.

Na cozinha da casa da minha mãe
Tem canto de amor e dor, tem canto de louvor
Tem anjos que nos guarda
Nos braços de nosso senhor.

Na cozinha da casa da minha mãe
Tem palavra viva que fala de salvação
Tem cumplicidade que nos cerca
Tem um beijo terno no coração.

Na cozinha da casa da minha mãe
O tempo não passa
O riso não cessa 
A voz não cala
O amor não rala
A luz não escurece
A ferida não dói
O mar não seca
A traça não rói
O momento poetisa
Na cozinha da casa da minha mãe 
É lá que o tempo se eterniza .