Escrever é existir no fundo do universo. É estar presente no fundo do oceano mais profundo.
É deixar que, das letras, como de uma nascente,
jorre água para o lago.
É despir-se do ser que sou:
um poeta ilógico, denso, quase sombrio,
quase, quase cristão,
quase lúcido,
quase um crente no poeta que penso que sou.
Escrever é vomitar letras, vírgulas, pontos,
vogais, consoantes desconsoladas,
palavras gritantes,
rituais insinuantes e sonhos sonhados.
Escrever é uma forma de dizer o que não quero,
de falar sem pensar,
de pensar sem escrever,
ver, crer, ser — sem forma.
Tornar-se uma poesia.
Desfazer-se em alegria.
Descrever o que sinto e vejo,
rever o desejo
e ser o que descrevo:
poesia.
Ver o invisível
e tocá-lo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário