sábado, 18 de setembro de 2010

OS GRITOS

Dia sem sol
nuvens cinzas cobrem o céu azul
cinzas é o que resta de nossa esperança
que se foi como fumaça.
A cabeça dói.
Ondas da praia gritam
tentam nos afogar
só porque o mar perdeu o seu azul
só porque o mar perdeu seus peixes.
A cabeça dói.
temos medo
medo do amanhã
medo de não haver amanhã
medo do que se entende
medo de não se entender nada
temos medo de nunca mais sentir medo.
a cabeça doi.
ecoa um grito
que se multiplica
grito de dor de tristeza.
grito que são ouvidos pelos loucos surdos
grito que ninguem quer ouvir
grito sem voz, dados pelo coração.
após o grito, um silencio asfixiante.
A cabeça doi.
fingir que ninguem gritou
fingir que todos são felizes
fingir que não é comigo
fingir, fingir que não sei fingir
fingir que ouvi
fingir que tenho medo.
A cabeça?
finjo que
não doi.

Um comentário:

rita romaro disse...

Seus poemas são criticos, trazem a realidade que por vezes fingimos nao ver, mas que nos esbofeteia a cada esquina, a cada olhar.
Precisamos acreditar em possibilidades melhores, em alternativas, pequenos atos nao resolvem a questao politica e social, mas pode ajudar a alguem, e esse gesto pode ir se multiplicando em prol de uma conscientização que melhore a qualidade de vida das pessoas, rompam o silencio, promovam o protagonismo.
Rita Romaro