segunda-feira, 15 de setembro de 2025

João 13:34

João 13:34


"Um novo mandamento dou a vocês: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros"


 amai-vos

amai-vos a todos
até quem vos odeia

amai-vos
mesmo quem não vos ama

não vos mateis

não vos odieis
mesmo se não vos veem

amai-vos

não vos xingueis
mesmo se não vos ouvem

amai-vos

não vos crucifiqueis
mesmo se não vos amam

amai-vos

se me vês
se me ouves
se me amas

amai-vos.











Canto no pretérito do imperfeito.

                                                                                                                                                                        Se eu cantasse

o tom certo nasceria comigo

se tu cantasses
o silêncio viraria harmonia

se ele cantasse
a sombra teria luz

se nós cantássemos
um coral corado brotaria no ar

se vós cantásseis
a roda gigante giraria em ecos

se eles cantassem
o mundo acordaria

no esplendor do dia.                                                                                                        

O Andarilho


Trilho o trilho
que leva ao rastro do sol

sigo mudo
no silêncio que me guia

avanço descalço
piso o chão como quem reza

percorrendo becos,
atalhos, desvios
sem hesitar

segue-se a fé:
passo a passo
rumo sem rumo

marchar sem pestanejar
sem temer a névoa

viajar sem mapa
peregrinar sem espera

a jornada se faz sozinha
quando o corpo insiste
em prosseguir.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

 Brilhe, July

 (Este texto foi feito quando a july tinha 4 anos )

Havia muita água. Estava escuro.
Mas ela vivia bem. Alimentava-se, sentia tudo o que se passava ao seu redor.
Desejava a luz, ansiava por ela — mas ainda era cedo.
Precisava esperar. E esperou...
Num cantinho quente, sem frio, protegida pelo ventre do amor.

Ela queria sorrir, chorar,
Sentir o toque de seus pais.
Queria muito a luz.

Passaram-se cinco, seis, sete, oito meses...
E então, ela já não queria mais a escuridão.
Estava pronta para viver no nosso mundo.

No silêncio do ventre, ela clamou por luz —
E Deus lhe concedeu a luz.
E sua mãe, com amor, lhe deu à luz.

Nasceu July.

Era domingo.
Um dia de meia-luz, com um singelo frescor na face da manhã.
Nasceu cercada por anjos, rodeada por arcanjos.
Um choro sutil que se confundia com um sorriso.
Ela viu a luz — e chamou-a para perto de si.

O dia não tinha sol,
Mas a sua presença iluminava o quarto como um farol
Guiando navios perdidos no mar.

Ao chegar em casa, seu irmão Jeff achou que ela estava com fome.
Levou meia dúzia de bananas — uma doçura de gesto.
Mas ela, sabiamente, preferiu o peito.
Mamou com vontade — mamou por um ano e seis meses.
Como quem queria mamar também da vida.

Cresceu como uma flor na primavera,
Como um sorriso puro impregnado no rosto.
Aprendeu a escrever, a ler, a desenhar.
Desenhava roupas, personagens...
Como quem passeia pela Lagoa da Saudade ou pelos jardins da praia.

Com uma caneta colorida, desenhava os caminhos que quer trilhar.
Caminhos preparados por Deus.
E nela, a vida segue sendo desenhada — com fé, com graça e com cor.

Engatinhou, falou, chorou.
Sorriu, viu, sentiu.
Ouviu os sons da vida:
As vozes, as músicas, os hinos, os instrumentos.
O som da bateria, do cello, do violino...
E, acima de tudo, ouviu a Palavra de Deus.
E quando necessário, sabe ouvir o silêncio —
Aquele em que Deus fala mais alto.

Brilhe, July.
Não deixe que coloquem limites em você.
Não se veja como coitada — você é amada, é abençoada.

Viva a linda vida que Deus te deu.
Não aceite os falsos.
Fuja dos inimigos.
Fique com a Palavra gravada na alma.
Lute pela vida. Seja feliz.

Brilhe!

Não se apague como vela que alguém sopra...
Mas que, com o sopro do Criador,
Sua chama se acenda ainda mais —
E leve luz onde ainda houver escuridão.

Você nasceu para brilhar.
Então siga seu caminho.
E brilhe!
Ilumine como um farol.
Tenha muitos amigos.
Seja feliz.

Aprender

 Aprender a respirar

como quem, pela primeira vez, sente o mundo entrar.
Aprender a mamar,
a confiar que o corpo de outro é abrigo.

Aprender a chorar —
não por dor apenas, mas porque tudo é demais.
Aprender a engatinhar:
a terra tem chão, e o chão tem vontade.

Depois, ficar de pé —
a coragem mora nos joelhos trêmulos.
Aprender a andar,
a ir além do tapete,
e a correr como quem foge do tempo.

Aprender a escovar os dentes,
como se a boca já soubesse que precisa sorrir.
A tomar banho,
e descobrir que a água limpa até as vontades.

Pentear os cabelos
é desenhar vento com as mãos.
Arrumar o quarto
é inventar um mundo onde tudo tem lugar.

Aprender a andar de bicicleta:
cair e levantar com vento no rosto.
Aprender a escrever,
desenhar o invisível com linhas.

Ler —
descobrir que há mais vida do que a que cabe no corpo.
Aprender a comprar,
e entender que nem tudo tem preço.

Quem me beijou

Quem me beijou
no escuro do meu silencio
no intimo da minha alma
deitada na rede do meu tormento
úmido, úmido deixou meus lábios que regou meu coração
úmido de paixão
encharcado de amor.
Quem me beijou
que deixou minha cabeça doendo
meu nervos tensos
e minha roupas molhadas.

Quem me beijou num pensamento distante
me levando ao céu do mundo dos sonhos inimagináveis
onde se beijam os amantes eternos.
Romeu e Julieta, Otelo e Desdemona.

Quem me beijou
senti lábios quentes encostando
em minha boca de lábios escuros
um beijo de carinho, de afeto.

Quem me beijou no meu silencio sem vida.
quem me beijou?
foi tu boca bandida.

Fé de mais.

 Crer em Deus — parece um grito,

Um chamado quase infinito.
Todos dizem: "Sim, eu creio!"
Mas nem sempre é por anseio.

Acho que não creio em nada,
Mas em tudo dou entrada:
Tudo o que me foi contado,
Tudo o que tenho lido, escutado.

Há quem viva a fé com alma,
Mergulhado em tanta calma.
Seja umbanda, seja o altar,
Ou nas estrelas a rezar.

Parece que nasceram prontos
Para os ritos, para os contos.
Se isso traz paz ao coração,
Que seja feita a devoção.

Confesso, nasce em mim vontade,
Um tipo estranho de saudade.
Não de algo que perdi,
Mas do que nunca vivi.

Não me encaixo em crença exata,
Minha dúvida é que me mata.
Creio em Deus, creio no bem,
Mas religião... já não vai tão bem.

Sou ateu meio incerto,
Um crente meio por perto.
Creio no Filho que morreu,
No que voltou, no que nasceu.

Creio no Filho que há de vir,
Mesmo sem saber aonde ir.
No fundo, a fé que me visita
É chama viva... ainda que aflita.